Um dia de grandes e pequenos anúncios. Mas como assim? Isso mesmo: no dia em que a Nokia tinha agendado um anúncio direto de Londres, antecipando que seria a respeito de Symbian, a Motorola Brasil chama um time de executivos, convida jornalistas e anuncia a chegada dos seus esperados Atrix e Xoom no Brasil. Para quem não sabe, o Atrix é o super celular dual core (isso mesmo, com processamento duplo) e, o Xoom, um bichinho com nome para lá de esquisito que vai tentar concorrer com iPad e Samsung Galaxy Tab.
Nenhum dos dois anúncios era assim tão surpreendente, convenhamos. Desde a Consumer Electronics Show (CES), realizada em Las Vegas este ano, sabíamos que a Motorola já possuía um concorrente para o iPad e que tencionava trazê-lo para o Brasil. O preço é um tanto quanto assustador (R$ 1.899, em todas as lojas, não adianta correr), mas o aparelhinho é charmoso. Pode não ter o apelo da App Store enfeitando a área de trabalho, mas o mundo Android tem corrido cada vez mais atrás de novidades que o deixem pelo menos à altura da loja de downloads da Apple.
O Xoom promete o melhor do mundo Android: é o primeiro a incorporar o Android 3.0 (Honeycomb), que pode rodar redondo no processador dual-core de 1GHz e 1GB de RAM. Diferentemente do iPad, o Xoom tem câmeras nas partes frontal e traseira e é multitarefas até que me prove o contrário. A tela é de 10.1 polegadas (25,65 cm).
Já o Atrix é um sonho de consumo das antigas – um aparelho com processamento duplo, praticamente um computador (e depois há concorrente anunciando escritórios portáteis). A Motorola – e alguns testes, que eu ainda não fiz – está chamando o Atrix de “o celular mais poderoso do planeta”. Deve mesmo ser, uma vez que usa e abusa de um processador dual-core de 1GHz, que, diz a Motorola (e depois vamos conferir), é capaz de abrir páginas Web duas vezes mais rápido que o resto dos smartphones.
Mas onde é mesmo que entra a Nokia? Não parece um tanto quanto perdida, anunciando dois modelos com sua nova versão de Symbian, simpaticamente batizada de “Anna”? Meus queridos, ela não é líder de mercado à toa. Não vai aderir por enquanto, e acho que por um bom tempo, ao mundo Google (ops, Android) e é claro que não seguirá a maré da Apple. E já que os primeiros modelos com a Microsoft (leia-se Windows Phone 7) ainda não saíram, ela precisa marcar território, ainda mais nos segmentos middle e low end.
Engana-se redondamente aquele que acha que a Nokia está paradinha, marcando bobeira. Ela não tem um iPhone nem um tablet, mas os números não decepcionam. Hoje, por exemplo, anunciou que sua plataforma OVI tem nada menos que cinco milhões de downloads por dia (número global), um crescimento de quase oito vezes sobre o ano passado. Mesmo assim, admite que não é tão boa de conteúdo quanto a Apple, da mesma forma que a Motorola.
A Nokia credita os bons números do OVI ao lançamento de novos modelos Symbian, como o Nokia N8, o C6-01, o C7 e o Nokia E7 – responsáveis por cerca de 15% dos downloads diários. E focando neste dado, anunciou também hoje que os modelos E6 e X7 já saem usando o Anna. Ah sim: neca de Brasil por enquanto – os lançamentos ocorrem a princípio para o mercado europeu, e o E6 só aterrissa aqui no segundo semestre. Vale frisar que a nova interface poderá ser aplicada, em breve, em outros telefones que já estão no mercado, como o Nokia N8 e o Nokia C6-01. Além disso, modelos que chegam ao Brasil em abril, como o Nokia E7 e o Nokia C7, também terão compatibilidade com a nova interface.
O negócio, meus amigos, é que por mais que sonhemos com um mundo dominado pela dupla Google-Apple, a Nokia continua batendo pé com o Symbian, tendo a grana da Microsoft como escora, que de boba ela nada tem.
Neste momento, faz mais sentido manter o domínio sobre um mercado que nada espera do Android e do iPhone OS (os modelos low end, os mais simples), assim como o segundo segmento, aquele que é um upgrade do celular mais simples mas não tem pretensão de substituir o computador. A Nokia não está dando um tiro no pé, ela quer é fazer sombra ao dueto. E, cá entre nós, no final das contas o que não falta (ainda) é usuário querendo apenas falar e mandar mensagens simples. Alguém precisa zelar por este mercado.
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