Sempre que tomamos a decisão de adquirir um bem, seja ele qual for, a primeira pergunta que deve ser respondida é: vou usar para quê? Se preciso de uma boa câmera mas não tenho o hábito de navegar na internet, para que gastar meu suado dinheiro pensando em um modelo topo de linha com redes sociais embarcadas? A câmera já deixou de ser um diferencial para se tornar umcommodity. Elas variam de acordo com a quantidade de megapixels ou funções presentes no software, mas no final das contas o que se busca é uma boa imagem com resolução suficiente para, pelo menos, imprimir em 10 x 15 e guardar no álbum da família. No máximo, usar no Facebook.
No que diz respeito ao Nokia N8, a questão “pra quê?” tem resposta fácil: o aparelho foi feito para boas fotos. A câmera é o maior chamariz do modelo, uma vez que os usuários avançados devem se incomodar com o fato de ele usar sistema operacional Symbian que, bem, já foi excelente mas tá meio passadinho…
Mas isso não quer dizer muita coisa. Vou explicar aos poucos. Antes de qualquer outra coisa, o aparelho tem tela AMOLED de 3,5 polegadas, bonita e confortável. O display é touchscreen capacitivo, o que facilita o manuseio do aparelho, e também usa tecnologia Gorila Glass, ou seja, de altíssima resistência, bom para pais e mães e também para os donos de bichos levados. O acelerômetro é meio estranho e a tela não gira para todos os lados. No que diz respeito ao design, o N8 é bem resolvido, ou seja, o modelo é bom de pegada e bem bonitinho. Mais um ponto para a Nokia!
O Symbian (3 OS) começa a pegar a partir do momento em que a navegação pelos ícones tem início. O usuário fica com a sensação de que está faltando alguma coisa – talvez a quantidade de aplicativos já existentes para Android e iPhone OS. A Nokia resolveu bem a passagem de uma tela para a outra. No Gingerbread (Android 2.3), ela tem um formato modernoso, meio 3D; já no iPhone, você vai passando com os dedos como se folheasse uma revista; já no N8 a Nokia instalou umas bolinhas na parte inferior na tela – ao se passar a tela para o lado, com os dedos, as bolinhas vão mostrando em que página da área de trabalho você está. Diferente – nem pior nem melhor.
É claro que um topo de linha da Nokia teria todas as funções que os da mesma categoria da concorrência têm, pelo menos em se tratando de software: Gmail, busca, geo-tagging, detecção de face (já no quesito câmera) e aplicativos de redes sociais (Facebook,Twitter, tudo versão Symbian). A loja de downloads é, como não podia deixar de ser, a OVI – que ainda precisa mostrar mais. Ou seja, quem precisa de aplicativos de comunicação – programas de mensagens instantâneas, redes sociais, localização e até bobagens – vai ficar satisfeito. Ah sim: ele não edita documentos, só visualiza. Mas ainda estou querendo conhecer uma pessoa que realmente use um editor de Word ou de Excel e Powerpoint dentro de um celular. Talvez dentro de um iPad…
A diferença em relação aos demais é a câmera, não há dúvidas. E não apenas pelos 12 megapixels. O N8 tem um senhor editor de fotos dentro de si – o que pode render brincadeiras excelentes para quem gosta de brincar com imagens. Dá para girar, recortar, redimensionar, agregar clip-arts (detesto), desenhar na foto, inserir texto (ótimo para rede social, certo?), moldura, eliminação de olhos vermelhos, inserção de selo, efeitos especiais, ajustes de tom e cores, animações… ou seja, é mais fácil dizer o que não tem. Que é nada. Pelo menos se considerarmos que isso aqui não é uma câmera digital, e sim um celular.
O Nokia N8 também é multitarefas – o usuário tem à disposição a função “mostrar aplicativos abertos”, até quando está dentro da câmera. E quando a gente pensa em aplicativos abertos, é claro que a bateria vem à cabeça. Pois a do N8 dura quatro, cinco dias em modo stand by (usando bem pouco), mas quem pegar pesado para fazer fotos e acessar redes sociais vai penar – pode ser que não chegue a dois dias.
O N8 é todo fechadinho, ou seja, não abre a bateria, o que para os desavisados é um sofrimento – sempre que pego um modelo novo, tento descobrir como abrir a bateria e no manual do N8 não há menção ao fato de a dele ser lacrada. Os cartões entram ao lado do aparelho.
Diante de câmera tão parruda e da presença de aplicativos comedores de processamento, era de se esperar que ele fosse mais rápido, mas o processador é ARM de 680MHz. Para o usuário comum não vai fazer muita diferença, mas o avançado vai achar o multitarefas lento. Confesso que não me incomoda.
E se a câmera é tão sensacional, o fato de ter saída HDMI é melhor ainda, tanto que há quem use o N8 para pequenas projeções. Faz uma brincadeira bonita e não é muito comum a saída HDMI num celular. Convenhamos: a Nokia bateu um bolão quando pensou nesta câmera. Ops, celular. Se a OVI estivesse mais “animada” ou se o aparelho usasse o Meego acho que sairia estraçalhando corações.
Viram que quase não comparei o N8 ao iPhone, certo? É que são bichos completamente diferentes e seria MESMO injusto com o N8. O iPhone tem uma câmera boboca que serve para registros e um vídeo bem fracotinho. O lance do N8 com imagem é mais “profissional”. E aqui, sinceramente, não há concorrente à altura ainda.
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